Por que será que ao pensarmos em envelhecer visualizamos alguém por volta dos 60 anos de idade? Afinal, o envelhecimento é o processo natural de amadurecimento de todo e qualquer indivíduo. Envelhecemos desde o primeiro dia de nascimento. Porém, também sabemos que há envelhecimentos diferentes: tornar-se adolescente não é o mesmo que tornar-se idoso. Biologicamente falando, o envelhecimento é quando nossas células não se recuperam mais da mesma forma, a velocidade diminui. O que isso significa na nossa sociedade que valoriza a contínua produtividade?
E você, como se sente em relação ao envelhecimento? Sente-se mais devagar de algum modo? Para alguns, isso pode ser assustador. Assim como pode ser acompanhada de muita solidão. Pois, se não somos tão rápidos quanto antes, podemos ficar à margem da sociedade. Mas, será mesmo que precisa ser assim? A velocidade pode ter caído, mas a precisão e a sabedoria podem ter aumentado – isso sem falar de outras tantas qualidades.
A maneira como vemos, compreendemos e nos relacionamos com as mudanças é crucial para nossa capacidade de “envelhecer bem”. O fato é que estamos vivendo mais. E a maneira como você encara e se projeta para as décadas tardias de sua vida vão impactar sua experiência.
No que poderíamos perguntar: se a forma como vemos o envelhecimento, a terceira idade, o idoso, impactam na sua forma de existir, então o que significa ser idoso em meio a todos estereótipos negativos que encontramos principalmente nas sociedades ocidentais? Por exemplo, é comum (o que não quer dizer correto) pensar que pessoas mais velhas são mais frágeis, mais esquecidas, mais lentas e não podem fazer atividades como os jovens, ao exemplo de dirigir. Que os velhos estariam sempre doentes, não aprendem nada novo e que deveriam ficar quietos em seus lares.
Essa caracterização se mostra sobretudo negativa, no sentido de que faltaria algo ao idoso. A comparação implícita com os jovens é feita para descrever qualquer pessoa com mais de 60 anos como menos potente, daí serem potencialmente negativas. E assim acabam por constituir e reforçar um estereótipo negativo. Termos como idosa(o) e velha(o) não dizem respeito à riqueza de conhecimento e experiências que esta pessoa acumulou. Se é certo que nem todo idoso fica mais sábio, é também ponto comum que boa parte dos grandes livros de filosofia foram escritos nesse momento da vida.
Essas atitudes negativas em relação ao envelhecimento e às pessoas idosas podem ter consequências significativas para a saúde física e mental deste público – isso sem falar como essas mesmas atitudes negativas podem também prejudicar os mais novos. Os idosos que se sentem um fardo para suas famílias, por exemplo, podem perceber que suas vidas têm menos valor, o que os expõe a riscos maiores de isolamento social e depressão.
É importante lembrar que muitos aspectos da saúde e do processo de envelhecimento em geral estão sob nossa influência. Lembremos que “saúde” não se trata apenas de ausência de doenças. O “envelhecimento saudável” envolve o reconhecimento do processo como parte normal da vida. É a mentalidade de que, conforme envelhecemos, é possível continuar fazendo coisas que amamos e que consideramos importantes, assim como inventar novas condizentes com esse novo modo de estar. Segundo a OMS, a sociedade se beneficiará com o envelhecimento da população se todos nós envelhecermos de maneira mais saudável. Para isso, é fundamental que os preconceitos etários sejam rompidos.
O Dia Internacional do Idoso, celebrado em 1º de outubro, destaca as importantes contribuições que esta população vem fazendo à sociedade, assim como procura proporcionar o reconhecimento das questões e desafios do envelhecimento nos dias de hoje. Nesse contexto, todos nós temos um papel importante a desempenhar na transformação da maneira como as pessoas pensam o envelhecer, quer você seja uma pessoa “mais velha” ou não. As nossas atitudes cotidianas podem fazer muita diferença ao enfatizar os pontos fortes e os ganhos associados à velhice, passando assim a desafiar e desfazer mitos e estereótipos que apenas diminuem nossa qualidade de vida.